Raízes e Horizontes

O sucesso da expansão agropecuária ocorrida principalmente durante o século 20 pode ser atribuído à utilização de organismos modificados, utilização expressiva de insumos como adubos, produtos fitossanitários e ao incremento de maquinários e sistemas de irrigação no ambiente rural (Henriques, 2011). Esse modelo de agricultura convencional maximizou a produção e produtividade agrícola, todavia, representou um agravamento relevante dos impactos ambientais da atividade, já que, atualmente, a agricultura é quem mais utiliza água potável e é responsável por cerca de 20% das emissões de gás carbônico na atmosfera (Bassoi et al., 2019).

A necessidade crescente de alimentos, energia e água devido a fatores como o crescimento populacional, urbanização desregulada, aumento da expectativa de vida e fatores econômicos levam grandes exportadores agrícolas como o Brasil, a enfrentar desafios de uma produção que satisfaça essa procura (Tripicchio et al., 2015). No entanto, esse aumento de produção não poderá ser pautado no mesmo molde da agricultura convencional, ou seja, através do aumento da área plantada, utilização exacerbada de insumos e no agravamento dos impactos ambientais. Nessa complexa interação de variáveis econômicas, ambientais e sociais da produção agrícola, as tecnologias digitais surgem como grandes aliadas ao desenvolvimento agrícola sustentável, aumentando a produtividade, retirando profissionais de atividades insalubres, melhor controle de emissão de poluentes e melhor conservação dos recursos naturais (Bolfea et al., 2017).

A utilização dessas tecnologias digitais tem gerado impactos positivos nas cadeias de produção e consumo, levando ao desenvolvimento de países que investem nessa área (World Competitiveness Report, 2020). Essa transformação pode ser entendida como interdisciplinar e transversal, não limitada a regiões, cultivos ou classes sociais. Seus potenciais benefícios promovem novas abordagens e aplicações para fabricantes de insumos, produtores rurais, processadores, distribuidores e consumidores (Bolfea et al., 2020). O processo de produção agrícola do futuro será caracterizado pela integração dos avanços agronômicos, como por exemplo, grandes bases de dados agrícolas (Big Data), Inteligência Artificial (IA), tecnologias inovadoras em sensores, dados coletados por satélites, veículos aéreos não tripulados (VANT), máquinas e robôs autônomos, softwares e plataformas de computação em nuvem em geral, disponibilidade de recursos computacionais, especialmente armazenamento e processamento, que dispensa o gerenciamento ativo direto do usuário final. (Bassoi et al., 2019).