Migração Campo-Cidade:
Trajetórias de Vida
Em busca de um novo emprego, melhores salários, estudos e qualidade de vida, muitos brasileiros migram de um lugar para outro na tentativa de alterar suas vidas. Nos últimos 50 anos, o êxodo rural cresceu 45,3% no Brasil. Atualmente, a migração urbana também tem aumentado, mas não supera a evasão do campo.
Há vários fatores que explicam o êxodo rural no Brasil, o qual vem ocorrendo com maior ou menor intensidade desde o final da década de 1950. A chamada modernização do campo foi realizada com base em um modelo concentrador de renda. Esse processo, ao mesmo tempo que eleva a produtividade, inviabiliza as pequenas e médias propriedades rurais. O êxodo rural configura, assim, a impossibilidade de muitos de produzirem sua existência, seja como trabalhadores autônomos ou assalariados.
O auge da migração campo-cidade ocorreu na década de 1980. Enquanto a população brasileira crescia 1,8% ao ano, a população rural diminuía 0,7%. Estudos de Abramovay e Camarano (1999) destacam que os jovens, principalmente mulheres, são os que mais deixam o meio rural, buscando escolarização e entrada no mercado de trabalho. Isso causa um desequilíbrio de gênero e envelhecimento no campo.
Esse movimento reflete uma contradição entre o trabalho como meio de subsistência e como necessidade coletiva. Crescem os requisitos de qualificação, mas a maioria dos empregos não exige formação específica. Assim, famílias inteiras são forçadas a migrar em condições difíceis.
Compreender as trajetórias de trabalho dos jovens migrantes é essencial. São ações desenvolvidas ao longo do tempo e contexto. Para Kofes (2001), trajetórias são "processos de configuração de uma experiência social singular". Estudos de Bosi, Ferreira, Aued e Kofes mostram como o contexto social e a trajetória individual se conectam. Para Bosi, "lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar... com imagens e ideias de hoje as experiências do passado" (1987).